“A força que eu não sabia que tinha”: conheça a história de Fabíola com o câncer de mama

“A força que eu não sabia que tinha”: conheça a história de Fabíola com o câncer de mama

A maioria dos associados da CAURN conhece Fabíola. Coordenadora do setor de atendimento, está na CAURN desde 2010, e sua ausência para tratamento de um câncer de mama fez falta para os associados. Como colaboradora da CAURN responsável pela parte de atendimento, ela sempre dedicou sua energia para atender e cuidar dos outros, mas, em certo momento, foi sua própria vida que precisou de atenção e cuidado especial. De olhos marejados e com um sorriso resiliente, Fabíola demonstra um equilíbrio natural entre força e sensibilidade, e talvez seja justamente por isso que sua história enfrentando o câncer de mama seja tão inspiradora. Em uma conversa com nossa equipe, compartilhou detalhes íntimos do processo que atravessa com coragem, transformando cada desafio em uma nova chance de ressignificar sua jornada.

A dor do diagnóstico

Já tendo lidado com tratamentos de cistos na mama, Fabíola não se assustou quando um de seus exames identificou um nódulo repentino. Como de rotina, ela realizou alguns exames para investigar mais a fundo a alteração, mas sem imaginar que poderia ser indicativo de algo mais sério. “De primeira, não imaginei que poderia ser algo grave. Eu botei na cabeça que era um cisto como os outros, mas era um nódulo.”. Embora tenha feito os exames, Fabíola acabou deixando a coleta do resultado para depois, e os meses passaram sem que ela soubesse que já estava acometida pela doença.

Foi somente quando os diretores da CAURN solicitaram um levantamento oncológico do plano que uma das médicas da operadora se surpreendeu ao ter acesso aos exames de Fabíola, descobrindo que, de fato, o câncer já estava instalado. E dar a notícia para a colega de trabalho não foi uma tarefa fácil. “Esse foi um dia bem difícil aqui na CAURN. A assistente social e a médica me chamaram para conversar, e eu nem imaginava o que poderia ser. Demorei a aceitar quando elas me deram a notícia. É engraçado porque a gente nunca acha que é com a gente”.

Mas Fabíola ainda se emociona quando lembra como foi necessário que o diagnóstico tenha sido descoberto pela equipe antes que fosse tarde. “Deus usa as pessoas, e ele usou as pessoas da CAURN para que eu pudesse saber desse resultado. Se não fossem elas, eu com certeza só iria descobrir um ano depois, e poderia estar muito mais sério, porque já tava se espalhando.”

A agilidade em providenciar os exames necessários e agilizar o início do tratamento foi crucial para a saúde de Fabíola, que ainda processava, com dificuldade, a dor do resultado positivo. “Quando a gente recebe o diagnóstico, a gente acha que vai morrer, parece uma sentença de morte. Eu fiquei muito abalada. Câncer é uma palavra muito forte.” Mas com a orientação médica correta e o forte apoio da família, Fabíola encontrou forças que nem sabia que tinha para lidar com o tratamento. “Eu pedia a Deus muita força, as pessoas se admiravam e se surpreenderam por eu ter passado de tão frágil para tão forte. E a base de tudo isso foi a minha família.”

A importância de ter uma rede de apoio

Embora acreditasse fortemente que pudesse superar o câncer por si só, estar cercada de uma rede extensa de pessoas só contribuiu para que Fabíola tivesse ainda mais coragem de prosseguir. “Eu tenho uma família que são poucas as pessoas que tem. Não só meu esposo e filho, mas minhas tias, meus primos, minha mãe, meus irmãos, a família do meu marido, tenho amigos, tenho a CAURN, que é minha segunda família. Todos me apoiaram, abraçaram e estiveram ao meu lado para tudo. Eu tive muita sorte.”

Sua família sofreu junto com ela ao saber o resultado do exame, mas a acompanharam de perto ao longo de todo o processo. “No dia que contei para minha família, meu marido abandonou tudo e começou a viver isso comigo. Raspou o cabelo comigo, me acompanhou nas quimioterapias. Nunca me deixou ir sozinha para nada.”

E enfrentar uma doença tão delicada com um tratamento tão extenso pode trazer muitos sofrimentos, mas a solidão não foi um deles para Fabíola. “A cirurgia não foi fácil, foi um dia muito difícil em que fiquei muito nervosa e senti muito medo. Mas sair do centro cirúrgico e ver minha família em peso me esperando e vivendo aquilo junto comigo me deu muita força.”

Sua mãe não sabe da doença até hoje, como forma de protegê-la. Mas mesmo assim, ela foi um apoio fundamental para a jornada da filha. “Minha mãe tem problema psiquiátrico, e eu não queria causar esse sofrimento para ela. Mas mãe sente, e ela sempre insistia em perguntar se eu estava bem. Ela foi pra mim uma grande fortaleza.”

Resiliência para enfrentar os desafios ao longo do caminho

Ao passar pela cirurgia, Fabíola iniciou o processo das quimioterapias, e precisou aceitar que perderia seu cabelo. “Eu era muito vaidosa com o meu cabelo, e chorei muito quando soube que precisaria raspá-lo. Vivi o luto do cabelo, mas ele ia crescer. O que importava mesmo era a minha saúde e minha cura.” Quando decidiu raspar a cabeça, a família de Fabíola ficou muito emocionada, mas ela não quis que aquele se tornasse um momento de tristeza. “Eu pedi para que ninguém chorasse, porque eu estava bem. Era algo que eu precisava fazer.”

O caminho não foi fácil, mas Fabíola procurou se manter otimista, enxergando cada novo dia como uma nova oportunidade. “A cirurgia foi sofrida, os efeitos colaterais das 16 sessões de quimioterapia também. É muito ruim, só sabe quem passa. Mas eu agradeço mesmo assim. Porque eu tive a oportunidade de descobrir cedo, de fazer meu tratamento certo, de ter uma família maravilhosa, amigos incríveis. Eu só tenho a agradecer.”

Prevenir enquanto ainda é cedo

Fabíola alerta para o aumento de casos da doença, que acometem, inclusive, mulheres mais jovens. “Eu trabalho com isso, e vejo que o índice de câncer de mama está aumentando. Já vi casos de meninas com 19 anos sendo diagnosticadas. Não tem idade pra um câncer de mama surgir.” Também não se deve associar as causas do surgimento da doença apenas a fatores hereditários, de acordo com a própria experiência dela. “Não tem registro de caso de câncer de mama na família da minha mãe nem do meu pai. Eu sou a primeira pessoa dos dois lados a ter o diagnóstico.”

As causas para o surgimento do câncer de mama podem ser diversas, incluindo estilo de vida. Fabíola ressalta a importância de ter mais cuidado com os hábitos adotados cotidianamente, especialmente no contexto atual. “A gente muitas vezes se alimenta mal, não se exercita, vive uma vida estressante, de correria. Mas ninguém é uma máquina. O corpo vai absorvendo as coisas, e uma hora ou outra a consequência vem. Ninguém tá imune.”

Por isso, ela incentiva o cuidado e prevenção regular desde cedo. “O câncer é muito silencioso. Eu não sentia nada. Então quem tiver a oportunidade de ir para o médico, de fazer os exames, de ter atenção, faça. Se eu posso fazer essa prevenção hoje, porque eu vou deixar pra quando já estiver pior?”

A história de Fabíola é admirável e inspiradora, e um lembrete vivo de que, embora o caminho seja difícil, a prevenção e o autocuidado podem salvar vidas. Em meio aos desafios, ela encontrou uma força que não sabia ter e quer compartilhar essa descoberta com todos. Nesse Outubro Rosa, Fabíola ensina, acima de tudo, a olhar para si com amor e responsabilidade – um passo simples, mas que faz toda a diferença.

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